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Representantes de instituições de ensino superior participam da abertura de seminário internacional na UPF

Programação do seminário encerra nesta terça-feira, 8 de maio.  O evento é uma iniciativa da UPF em parceria com o Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung)
A abertura do seminário internacional “O modelo comunitário na educação superior: uma visão de futuro” foi realizada na noite de segunda-feira, 7 de maio, no auditório da Faculdade de Odontologia da Universidade de Passo Fundo (FO/UPF). A solenidade de abertura reuniu representantes de diferentes instituições de educação superior. O evento, que é uma iniciativa da UPF em parceria com o Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung), pretende debater o conceito de universidade comunitária, as alternativas e as perspectivas em financiamentos, estudos e pesquisas sobre o tema, projetando ainda uma visão de futuro.
O Seminário tem como objetivo promover a compreensão do modelo comunitário, bem como de sua potencialidade para a expansão da educação superior brasileira com qualidade. O presidente do Comung e reitor da UPF, professor José Carlos Carles de Souza, salientou que as instituições comunitárias são instituições públicas não-estatais, comunitárias e filantrópicas. “Somos instituições sem fins lucrativos. Mantemos compromisso com o desenvolvimento social e econômico das comunidades em que estamos inseridos, oferecendo serviços em várias áreas sociais, que vão muito além da educação e comprovam a sua efetiva participação nas mais diferentes atividades: na saúde, no esporte, na cultura, na defesa de direitos que dignificam a cidadania”, destacou o presidente do Comung e reitor da UPF.
O evento também pretende promover o modelo comunitário, desencadeando debates e reflexões acerca do potencial das instituições públicas não-estatais para a expansão da educação superior brasileira, com qualidade acadêmica e sustentabilidade econômica. 
Representando o governo do estado do Rio Grande do Sul, o coordenador da 7ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Elton Luis de Marchi, destacou a parceria da UPF com a CRE e a preocupação das universidades comunitárias com as questões sociais. “Nós temos vários convênios com a Universidade e isso tem feito a diferença. Quando a instituição se preocupa com a cidade, com a comunidade, ela cresce, porque onde se investe nas pessoas, se investe nas suas ações, ocorre o desenvolvimento”, disse.
O reitor da Unoesc e vice-presidente da Associação Catarinense das Fundações Educacionais (Acafe), professor Aristides Cimadon, também destacou a importância das universidades comunitárias em virtude da ligação delas com a comunidade, contribuindo para o desenvolvimento regional das localidades em que estão inseridas, mas fez uma reflexão sobre o momento atual e o futuro. “Há quem diga que vivemos uma destruição criativa do ensino superior no Brasil. Precisamos juntos empunhar uma bandeira e unir as comunitárias para que se possa fazer uma educação de qualidade”, ressaltou Cimadon.
Tristan McCowan atua como professor no Insitute of Education da University College London e, atualmente, desenvolve projetos de pesquisa sobre educação superior em vários países da África e América Latina. Colaborador de projetos de pesquisa coordenados por pesquisadores brasileiros, McCowan disse que tem grande interesse no modelo comunitário, sobretudo na inovação que esse modelo permite. “Eu vejo o modelo comunitário como pouco usual no mundo, eu vejo poucos exemplos em outros países de modelos de universidades que têm esses laços fortes com a comunidade. Esse modelo é muito interessante, mas pouco divulgado. E uma das coisas nas quaisl nós estamos trabalhando junto com colegas das universidades é pensar em como divulgar isso, tanto fora quanto no Brasil, e contribuir compartilhando as experiências com as comunitárias”, destacou. 
Para o reitor da UCS e 2º vice-presidente do Comung, professor Evaldo Kuiava, é preciso fazer uma análise do momento atual das universidades. “A educação está sendo vista por aí como mercadoria. Esse modelo tem que ser revisitado para que não viremos produtos de supermercado e para evitar que nossas instituições tornem-se um balcão de negócios”, disse Kuiava.
O alinhamento entre a proposta do Comung e o trabalho desenvolvido pelo Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub) há 52 anos foi ressaltado pelo reitor da Ulbra e membro do conselho deliberativo do Crub, Marcos Fernando Ziemer. De acordo com Ziemer, o Conselho tem, ao longo do tempo, procurado articular e consolidar o ensino superior no Brasil, pensar estrategicamente o sistema como um todo e principalmente promover o intercâmbio e a integração. “É um conselho que reúne todos os segmentos do ensino superior brasileiro e por isso minha palavra é no sentido de que nós nos movimentemos em conjunto: Crub, Comung, Acafe, Abruc e tantas outras associações. Em conjunto, com certeza, vamos ter muito mais forças para colocar a nossa visão e a nossa proposta educacional para que este país não perca mais o rumo do que já perdeu. A educação tem que ser vista como um projeto”, completou. 
O reitor da Unifeob e presidente da Associação Brasileira das Universidades Comunitárias (Abruc), professor João Otávio Bastos Junqueira, em nome da Abruc, agradeceu e parabenizou o Comung e a UPF pela iniciativa do evento. Junqueira trouxe exemplos de ações que estão sendo feitas na Unifeob, em São Paulo, por meio do conceito Ikigai, conceito japonês que está atrelado à vida das pessoas. “Esse conceito diz que você deve buscar aquilo que você ama fazer, aquilo em que você é bom, aquilo por que você pode ser pago e aquilo que você faz e o mundo precisa. E lá, a gente ama transformar a vida das pessoas, ama fazer educação com qualidade, a gente é bom no que faz, o Brasil precisa de pessoas bem formadas e precisamos ser remunerados dignamente por isso, no entanto, isso ainda é um desafio”, comentou Junqueira.
Convidado a falar sobre a pós-graduação nas universidades comunitárias, o presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Abilio Afonso Baeta Neves, disse que as universidades comunitárias ainda não têm um modelo de pós-graduação que as diferencie dos outros modelos. Na opinião dele, é preciso construir esse modelo. “Eu gostaria que saíssem deste seminário sugestões muito concretas. É preciso voltar à discussão básica sobre qual pós-graduação nós precisamos para o Brasil e para onde ela deve ir. Acho que a discussão que vocês devem continuar aqui pode nos ajudar a melhorar essa situação que o país vive. Discutir a educação significa dar oportunidade para as universidades discutirem o que querem para a pós-graduação. Significa dar oportunidade para que nós tenhamos projetos múltiplos”, frisou. 
Também participaram outros membros do Comung, da Acafe e de universidades diversas, gestores públicos, pesquisadores, docentes e estudantes, além dos vice-reitores da UPF de Graduação, Rosani Sgari; de Pesquisa e Pós-Graduação, Leonardo José Gil Barcellos; de Extensão e Assuntos Comunitários, Bernadete Maria Dalmolin; e Administrativo, Agenor Dias de Meira Junior. Também estava presente a presidente da Fundação Universidade de Passo Fundo (FUPF), Maristela Capacchi, diretores de Unidades Acadêmicas e coordenadores de curso, entre outros integrantes da comunidade acadêmica. A abertura do evento também teve a apresentação da Big Band Comunitária, ligada à Vice-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (VREAC) da UPF. 
Informações
A programação completa e mais informações sobre o evento podem ser acessadas no site www.upf.br/comunitarias.
Fotos: Gelsoli Casagrande